Cruzeiro encara pressão do Boca, clube mais vitorioso da América do Sul, na temida Bombonera


Cruzeiro realizou trabalho de reconhecimento de gramado nessa terça-feira, na Bombonera. Fonte: Tiago Mattar/Superesportes

Depois de superar Racing, Vasco e Universidad de Chile no chamado ‘grupo da morte’ da Copa Libertadores e eliminar o Flamengo nas oitavas de final, o Cruzeiro dá sequência ao sonho do tricampeonato continental diante do Boca Juniors, clube da América do Sul com mais títulos internacionais ao lado do também argentino Independiente. O desafio do time celeste é bater o adversário em seu estádio, La Bombonera, conhecido por ser um grande caldeirão em duelos decisivos. A partida de ida em Buenos Aires, capital da Argentina, começará às 21h45 (de Brasília) desta quarta-feira. Duas semanas depois, os times se reencontrarão no Mineirão, numa noite de quinta (4 de outubro), também às 21h45.

A supremacia do Boca Juniors no continente sul-americano é provada pelos números. Não perca a conta! São 18 títulos internacionais oficiais: três Mundiais de Clubes (1977, 2000 e 2003), seis Copas Libertadores da América (1977, 1978, 2000, 2001, 2003 e 2007), duas Copas Sul-Americanas (2004 e 2005), uma Supercopa da Libertadores (1989), quatro Recopas Sul-Americanas (1990, 2005, 2006 e 2008), uma Copa Master (1992) e uma Copa Ouro (1993). A recheada sala de troféus supera, por exemplo, as conquistas globais de Barcelona (17), Bayern de Munique (11) e Juventus (11). O Boca ainda aparece em segundo lugar no ranking da Conmebol, que alia coeficiente histórico, performance nos últimos 10 anos e desempenho em campeonatos nacionais. O time azul-dourado soma 5.732 pontos, abaixo do arquirrival River Plate, líder do ranqueamento com 6.030.

Mas o Cruzeiro também tem história rica no cenário internacional. A começar pelos sete troféus sul-americanos: duas Copas Libertadores (1976 e 1997), duas Supercopas da Libertadores (1991 e 1992), uma Copa Ouro (1995), uma Copa Master (1995) e uma Recopa Sul-Americana (1998). E nos confrontos diretos contra o Boca Juniors, a vantagem é cruzeirense: seis vitórias, três empates e cinco derrotas, com 16 gols a favor e 14 contra. Nos mata-matas, o Boca venceu a final da Copa Libertadores, em 1977, e as oitavas de final, em 2008. Já o Cruzeiro passou de fase no duelo válido pelas quartas de final da Supercopa de 1996.
No último encontro, os mineiros foram facilmente superados tanto na Bombonera quanto no Mineirão, pelo placar de 2 a 1. Na ocasião, o elenco azul contava com jovens em ascensão, como o volante Ramires (21 anos) e os atacantes Marcelo Moreno (20 anos) e Guilherme (20 anos). O Boca Juniors tinha um grupo recheado de experientes e com convocações à Seleção Argentina, casos do meia Riquelme e dos atacantes Palacio e Palermo.
Em 2018, é o Cruzeiro que tem a seu dispor os populares ‘veteranos’. Dos 11 prováveis titulares nesta quarta-feira, o mais jovem é o volante Lucas Silva, de 25 anos. O restante tem 30 ou mais: Fábio (37), Edilson (32), Leo (30), Dedé (30), Egídio (32), Henrique (33), Robinho (30), Thiago Neves (33), Rafinha (35) e Barcos (34). Já o Boca conta com uma formação mais nova: Andrada (27), Jara (27), Izquierdoz (29), Magallán (24), Olaza (24), Nández (22), Pablo Pérez (33), Wilmar Barrios (24), Zárate (31), Benedetto (28) e Pavón (22).

Caldeirão da Bombonera

Inaugurado em 1940 e expandido em 1996, o Estádio Alberto José Armando é popularmente conhecido como ‘La Bombonera’ em função do formato retangular, similar a uma caixa de bombons. A construção é símbolo do ‘futebol raiz’ na América do Sul. São três andares de arquibancadas e cadeiras envolvendo uma das laterais e as duas linhas de fundo do campo. No outro lado, oposto às cabines de televisão, um edifício com vários camarotes ‘fecha’ a arena, cuja capacidade total é para 49 mil torcedores. A torcida do Cruzeiro ocupará o setor superior posicionado à direita da imagem transmitida pela TV (à esquerda das tribunas). São esperados pelo menos 2.500 celestes, que terão a missão de competir com uma multidão aficionada pelo Boca.
Em 135 partidas como mandante na Libertadores, o Boca perdeu apenas 13. Uma delas foi para o próprio Cruzeiro, pela fase de grupos da edição de 1994. Paulo Roberto, em bela cobrança de falta, e Roberto Gaúcho, com assistência de Luiz Fernando Flores, fizeram os gols cruzeirenses na vitória por 2 a 1. Outros brasileiros a ganharem na Bombonera pelo maior torneio da América foram Santos (2 a 1, em 1963), Paysandu (1 a 0, em 2003), Fluminense (2 a 1, em 2012) e Palmeiras (2 a 0, em 2018). Em contrapartida, o clube argentino contabilizou 93 triunfos e 29 empates.
O atacante argentino Hernán Barcos avaliou as dificuldades do embate em Buenos Aires e recomendou uma postura equilibrada do Cruzeiro na partida. “O Boca é um rival muito difícil, tem muita história, muita tradição, sabe jogar em casa. Mas estamos preparados para enfrentar isso. Temos que atacar e nos defendermos com a bola. Se a gente deixar o Boca ficar com a bola e jogar, a possibilidade de não levar gol é pequena. Temos que sair para o jogo, como temos feito como visitantes”, disse o Pirata, que tentará melhorar sua média de gols pelo clube: marcou até aqui dois gols em 14 apresentações.

Desfalques

Para enfrentar o Boca, o Cruzeiro não terá seu principal destaque à disposição. O meia Arrascaeta, com dores na coxa esquerda, ficou em Belo Horizonte realizando tratamento médico. O substituto será Rafinha. No lado do Boca Juniors, o atacante Ramón Ábila, que passou pela Raposa entre 2016 e 2017, cumprirá suspensão de um jogo imposta pela Conmebol referente à expulsão na final da Copa Sul-Americana de 2015, entre Huracán, seu ex-clube, e Santa Fe-COL. Além disso, Wanchope trata lesão no músculo sóleo da perna direita. Benedetto, autor de 35 gols em 46 jogos pelo Boca (média de 0,76), jogará como centroavante.
BOCA JUNIORS X CRUZEIRO
BOCA JUNIORS
Andrada; Jara, Izquierdoz, Magallán e Olaza; Nández, Pablo Pérez e Wilmar Barrios; Zárate, Benedetto e Pavón
Técnico: Guillermo Barros Schelotto
CRUZEIRO
Fábio; Edilson (Lucas Romero), Dedé, Leo e Egídio; Lucas Silva e Henrique; Robinho, Thiago Neves e Rafinha; Barcos
Técnico: Mano Menezes
Motivo: jogo de ida das quartas de final da Copa Libertadores
Estádio: La Bombonera, em Buenos Aires-ARG
Data: quarta-feira, 19 de setembro de 2018
Horário: 21h45
Árbitro: Eber Aquino (PAR)
Assistentes: Eduardo Cardozo (PAR) e Juan Zorrilla (PAR)
Árbitro de vídeo: Mario Diaz de Vivar (PAR)
Assistentes do árbitro de vídeo: Gery Vargas (BOL) e Milciades Saldivar (PAR)
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