‘Perdi um irmão’, ‘jogador espetacular’, ‘pessoa incrível’: ídolos do Cruzeiro se despedem de Zé Carlos


Raul, Evaldo, Procópio e Dirceu Lopes: ex-jogadores lamentaram a morte de Zé Carlos Fonte: Arquivo/E.M/D.A.Press

Vários ex-jogadores que vestiram a camisa do Cruzeiro ao lado de Zé Carlos prestaram a última homenagem ao amigo. O Superesportes conversou com Raul, Evaldo, Procópio, Toninho Almeida e Dirceu Lopes. Em comum, todos ficaram muito abalados com a morte do ídolo celeste. Zé Carlos faleceu nesta terça-feira, aos 73 anos, e deixou a esposa, Eunice Braga, e  três filhos: Frederico, Gustavo e Thiago.

Dirceu Lopes

Dirceu Lopes conviveu com Zé Carlos por mais de uma década em campo. Fora dos gramados, seguiu muito próximo do amigo, sempre trocando telefonemas. Triste, o ex-jogador disse que vai ter que se conformar com essa perda.

“Não tenho palavra para expressar o que sinto. Tristeza muito grande”, pausou o ex-jogador, com voz embargada. “Passa um filme na cabeça, de todos os anos de amizade, viemos de baixo juntos, crescemos juntos, perdi um grande irmão. Irmão de verdade”, lamentou Dirceu Lopes.

“Temos mais ou menos a mesma idade. Convivemos por muitos anos todos os dias, a gente se dava muito bem. Nunca perdi o contato dele. Essa queda dele eu acompanhei de perto, foi realmente uma coisa muito triste, mas a gente tem que se conformar”, disse Dirceu, que acabou de passar por uma cirurgia de ponte de safena e não deve comparecer ao velório por recomendação médica.

Evaldo

O ex-atacante Evaldo também se emocionou ao telefone. Lembrou da proximidade entre eles e do caráter de Zé Carlos. “Como jogador era um espetáculo. Como pessoa, muito além disso. Gente muito boa, muito sério. É uma vida que se vai, um companheiro que a gente perde, um pai espetacular. Para definir bem, quando eu fui pra Venezuela, passei uma procuração e minhas coisas para ele resolver”, disse Evaldo.

Toninho Almeida

O ex-jogador Toninho Almeida acompanhou Zé Carlos durante a doença. “Eu e o Procópio acompanhamos de perto esse momento mais difícil dele”, afirmou o ex-jogador. Zé Carlos foi vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico. O drama do ex-volante começou há cerca de seis anos. No entanto, somente há três a doença chegou ao ponto mais crítico, quando o ex-jogador ficou acamado.

Em 1972, Toninho estava com contrato para vencer e foi tirado do time pelo técnico Ilton Chaves. “Era uma estratégia da diretoria para renovar o contrato em condições menos favoráveis, com o jogador ‘em baixa’”, disse Toninho.

Ele se emocionou ao contar que Zé Carlos simulou uma distensão e saiu do time, dando lugar ao amigo durante cinco jogos. Na época não havia exames disponíveis para avaliar a real condição do atleta. No jogo seguinte, Toninho fez um gol. A diretoria se sentiu pressionada com as boas atuações dele e renovou seu contrato. Essa história está no livro de Toninho Almeida (O esporte como exemplo, ed. Fapi, 2004).

Raul

O ex-goleiro Raul também lamentou a morte do ex-jogador, com quem foi campeão da Libertadores de 1976. “É difícil dizer alguma coisa. Foi um jogador excepcional, uma pessoa espetacular. Isso tudo todo mundo sabe, é lugar comum. Nas condições que ele estava, para ele, para família, foi melhor. A gente não gostaria nunca de vê-lo nesta condição”, disse.

“Queria levar sempre uma lembrança do Zé. Ele trabalhou comigo na base do Cruzeiro. Era um dos observadores técnicos. Lamento muito, mas ele vai viver para sempre na nossa lembrança. Estou muito chateado, pela falta que ele vai fazer”, afirmou Raul.

Procópio

O ex-zagueiro Procópio, que se mostrou muito triste com a perda, relembrou quando conheceu Zé Carlos, antes de assinar com o Cruzeiro.

“Conheci o Zé Carlos no Fluminense. Ele foi do time do Sport Club Juiz de Fora para o Fluminense fazer um teste e conseguiu passar. Mas, naquela época, o Fluminense estava sem dinheiro para poder pagar o passe dele. Por isso, ele acabou no Cruzeiro a pedido do presidente Felício Brandi. Depois, fui para o Cruzeiro e tive o privilégio de jogar ao lado dele”, afirmou Procópio, que relembra uma história marcante ao lado do amigo.

“Não esqueço de quando voltei a jogar depois de cinco anos, já velho, com 33 anos, recuperado de uma lesão. Na minha estreia, ele e Perfumo, dois que já nos deixaram, me apoiaram muito. Faziam a minha cobertura, me deram apoio moral. Correção, amizade e lealdade. Uma grande perda”, disse o ex-zagueiro.

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