Ex-membros do Comitê de Investimentos do Ipremu falam sobre decisão de aplicar dinheiro dos servidores em fundos sem liquidez e em longo prazo


Seis pessoas foram ouvidas na tarde desta quinta-feira, 25, na quarta reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada na Câmara Municipal de Uberlândia para investigar possíveis irregularidades em fundos de investimento feitos pelo Ipremu ocorridas nos últimos quatro anos. Os convocados a depor falaram como testemunhas tendo em vista as posições e cargos que assumiram entre os anos de 2013 a 2016 no instituto, em especial como membros do Comitê de Investimento do Ipremu.

A CPI é presidida pelo vereador Wilson Pinheiro (PP) e tem os vereadores Juliano Modesto (SD) como relator e Michele Bretas (PSL), Felipe Felps (PSB) e Roger Dantas (PEN) como membros.

A oitiva teve início com o depoimento do diretor da empresa responsável pela auditoria feita no Ipremu no início deste ano, Paulo Ricardo Blasi, da Di Blasi Consultoria, que ratificou as informações já colhidas pela CPI sobre as aplicações realizadas no dia 26 de outubro do ano passado que ultrapassaram o limite legal de 25% do patrimônio líquido do fundo. Foram três investimentos, sendo que dois deles se encontram hoje desenquadrados e é um dos argumentos usados pelo atual diretor do instituto, André Goulart, para explicar a falta de renovação do Certificado e Regularidade Previdenciária – CRP, o que tem impedido o município de receber verbas federais e contrair empréstimos.

Até o momento, o Ipremu detém 39,19% dos fundos da Pyxis e 25,29% da Bra 1 que, além de estarem acima do limite disposto na Resolução Nº 3.922 do Conselho Monetário Nacional, somam uma perda de cerca de R$ 16 milhões aos cofres do instituto, uma vez que não apresentam liquidez em função dos prazos de carência que chegam a oito anos, segundo Blasi.

O depoimento, porém, mais importante dessa tarde partiu da antiga diretora administrativa financeira do Ipremu, Mônica Resende. Ela afirmou que a decisão de investir acima do limite legal de 25% nos três fundos no final de outubro de 2016 partiu do ex-superintendente do instituto, Marcos Botelho. Ela afirmou também que sabia que esses investimentos poderiam comprometer a regularização do CRP, mas que uma carta de contrato, provavelmente anexada aos documentos dos fundos, garantia a retirada de recursos em excesso caso, num prazo de 120 dias, caso não fosse possível enquadrar a aplicação. Esse enquadramento se resume na negociação com gestores de cada fundo para que outros investidores apliquem mais dinheiro e assim diminua a participação do Ipremu no fundo, obedecendo ao limite.

Sobre as aplicações de longo prazo, Resende explicou que períodos mais longos geram maior rentabilidade e que as multas estipuladas em 30%, caso o instituto rescindisse o contrato, não afetaria a decisão de investimento, já que não havia intenção em retirar o dinheiro antes do prazo estipulado.

A ex-diretora também afirmou que tanto a superintendência quanto a diretoria executiva do instituto seguia orientações da consultoria contratada na gestão passada para fazer os investimentos. A mudança ocorreu em 2013 quando o instituto perdia recursos em torno de R$ 1,5 milhão com a participação no fundo IMA. Um parecer contrário por parte do Comitê de Investimentos dos Recursos naquele ano a sete investimentos e a recomendação da Caixa para permanecer com o IMA, por exemplo, levou a mudança dos membros do Comitê e à prática da diversificação proposta.

Mônica Resende disse ainda que o lucro de R$ 162 milhões obtido pelo Ipremu entre os anos de 2014 e 2016 foram resultado da ação da consultoria.

Sobre a falta de recolhimento patronal, a antiga diretora afirmou ter notificado cinco vezes, via ofício o município pela irregularidade.

Ao final da reunião, os membros da CPI acordaram em convocar o ex-diretor do Ipremu, Sr. Marcos Botelho, para depor no próximo dia 05 de junho, às 15h, em função das informações obtidas até agora. Botelho será então, por isso, notificado.

Câmara Municipal