VEREADORES PRESOS – Informações sobre “rachadinhas” e fraude nos abastecimentos dos veículos aparecem nos depoimentos


Vereadores e donos de gráficas presos pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, Gaeco, foram ouvidos pelo Ministério Público Estadual (MPE) em Uberlândia. O promotor Daniel Marotta fez revelações à imprensa.

Tanto os 17 vereadores detidos e as 17 gráficas usadas no desvio de verbas de gabinete durante os serviços de impressão são investigados por fraude e esquema criminoso. Todos são suspeitos de fraude no uso das verbas licitatórias.

De acordo com Daniel Marotta, primeiramente foram ouvidos sete vereadores e da chefe de segurança da Câmara Municipal. Ela confessou os crimes e indicou vereadores que teriam cometido a fraude.

“Temos sete gráficas para ouvir. Quem está preso preventivamente será ouvido posteriormente. Já estamos tendo a apresentação de donos de outras gráficas que não foram relacionadas e se apresentaram espontaneamente com novas denúncias, dispostos a admitir a prática das infrações. No entanto a responsabilidade principal é dos vereadores. Já estamos recebendo outras denúncias de esquemas conhecidos como a “rachadinha”, em que é exigido dos servidores a devolução de parte dos salários. Ainda há fraude nos abastecimentos dos veículos. Novas investigações serão feitas”, disse.

Desde o começo das oitivas, três pessoas foram liberadas: a vereadora Flávia Carvalho, PDT, que fez acordo com o MP, confessou os crimes, renunciou ao cargo e vai devolver os valores aos cofres públicos. A vereadora Jussara Matsuda, do PSB, conseguiu comprovar os pagamentos, e a chefe de segurança da câmara, Adriana Martins Gomes, que chegou a ser ameaçada pelo ex-presidente da casa, Hélio Ferraz, o Baiano. O vereador Vilmar Resende, PSB, que estava foragido, se entregou e deve representar a mesa diretora de dentro do presídio.

“Ficou ajustado então, até que se resolva essa questão das prisões. O vereador Vilmar vai assinar esses autos no presídio Jacy de Assis. Gestão de recursos relativos a contratos e funcionários. Proposta de renúncia ao Ministério Público não foi aceita. Atos consumados até sexta são válidos, porque o Baiano ainda exercia mandato”, informou Marotta.

Assim como os donos das gráficas que confessaram os crimes e foram soltos, vereadores também terão a oportunidade de provar inocência e firmar acordos após as confissões ou conforme as colaborações.

Ainda segundo Marotta, aquelas pessoas que estão colaborando, o MP está requerendo as prisões temporárias. O MP entende que os requerimentos vão expressar esse entendimento de que havendo indícios suficientes de prática de crimes é a suspensão do mandato. As provas estão sendo apresentadas. Muitas delas foram apreendidas.

A previsão é que o MP de MG ofereça a denúncia à justiça até esta quinta-feira, 19, último dia de atividade da justiça, antes do recesso.

Marcelle de Paula