Lula concede a primeira entrevista após ter sido preso há um ano


Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os jornais ‘Folha de São Paulo’ e ‘El País’ tiveram autorização da Justiça para entrar na sede da polícia federal em Curitiba, onde está preso o ex-presidente Lula.

O pedido foi inicialmente negado pela juíza de primeira instância. Porém, no Supremo Tribunal Federal, passou por uma série de aprovações e desaprovações.

Primeiro, o ministro Ricardo Lewandowski liberou, depois, Luiz Fux negou e, nesta semana, o presidente da Corte, Dias Toffoli, enfim, autorizou.

Então, a Polícia Federal convidou outros jornalistas, que não faziam parte do pedido, mas, novamente, o Supremo barrou.

Por fim, nesta sexta-feira (26), foram autorizados os veículos ‘Folha de São Paulo’ e ‘El País’.

Em entrevista, o ex-presidente afirmou que não teme passar o resto da vida preso. “Não tem problema. Eu tenho certeza de que eu durmo, todo dia, com a minha consciência tranquila, o que eu tenho certeza de que o Dallagoll não dorme, e tenho certeza de que o Moro não dorme.

Ele ainda falou sobre a sua rotina na cadeia, contou que passa o tempo lendo, vendo filmes e séries ou fazendo cursos à distância.

Em dado momento, Lula se emocionou ao comentar sobre a morte do neto Artur, de 7 anos, no mês passado. “Eu, às vezes, penso que seria tão mais fácil se eu tivesse morrido. Eu já vivi 73 anos, poderia morrer e deixar meu neto viver

O ex-presidente ainda criticou a Reforma da Previdência. “Um país que não gera emprego, não gera salário, não gera consumo, não gera renda, quer pegar do aposentado e do velhinho um trilhão? O Guedes precisava criar vergonha. Onde ele fez esse curso de economia dele?

E questionou a política externa desempenhada pelo Governo Bolsonaro. “Eu nunca vi um presidente bater continência para a bandeira americana. Eu nunca vi um presidente ficar dizendo ‘eu amo os Estados Unidos’. Ama a sua mãe, ama seu país. Que amar estados unidos? Alguém acha que os Estados Unidos vai favorecer o Brasil?
O Brasil foi muito importante no G20, mas, tudo isso desmanchou. Tudo isso, agora, eu vejo o prefeito de Nova York não quer fazer um jantar com o presidente do Brasil, o dono do restaurante não quer. Mas, que ponto nós chegamos? Que avacalhação.

Por fim, o ex-presidente reafirmou que irá continuar lutando para promover a inocência dele. “Eu tenho tanta obsessão em desmascarar o Moro, desmascarar o Dallagnol, e a sua turma, e desmascarar aqueles que me condenaram, que eu ficarei preso cem anos, mas eu não trocarei a minha dignidade pela minha liberdade.

SBT