Cancelamento de Cruzeiro x Uberlândia é mais um alerta do que serão as Séries A, B e C do Brasileiro


O cancelamento da partida entre Cruzeiro e Uberlândia pela Federação Mineira de Futebol (FMF), na manhã desta quarta-feira (5), quando o confronto seria realizado, no Mineirão, pelo Troféu Inconfidência, é mais um aviso do que pode acontecer no Campeonato Brasileiro, que terá nesta semana o início da disputa das suas Séries A, B e C.

A justificativa da FMF para o cancelamento do jogo foi o fato de o Uberlândia ter apresentado 13 resultados positivos para Covid-19 nos últimos dois testes realizados pelo clube para a disputa de partidas pelo Campeonato Mineiro.

Segundo a entidade, a decisão tem como objetivo manter o “compromisso com a prevenção diante do alto risco de propagação e contaminação em massa, dando prioridade absoluta à integridade física dos jogadores, membros de comissões técnicas, árbitros e demais profissionais envolvidos (nos jogos)”.

A entidade ressalta em nota oficial que as partidas Tombense x Caldense, às 16h, no Independência, e América x Atlético, às 21h30, também no Horto, estão mantidas para esta quarta-feira, pois os quatro clubes tiveram 100% dos testes negativos para o novo coronavírus.

Outros casos

O Campeonato Mineiro não é o primeiro a ser afetado pela Covid-19. E é isso que joga uma grande dúvida em relação às três principais divisões do Brasileirão.
O Campeonato Catarinense ficou 14 dias paralisado após 14 pessoas da Chapecoense, clube que disputará a Série B nacional e tem boa estrutura, terem testado positivo para Covid-19. Isso provocou não só o adiamento do seu jogo contra o Avaí, que seria em 12 de julho, mas de toda a competição, que só foi retomada há uma semana.

Na última quarta-feira (29), pelas quartas-de-final do Campeonato Paulista, o Bragantino viveu um drama antes de encarar o Corinthians, em jogo único, ao ter 26 casos positivos em sua delegação. Nove deles eram jogadores, vários titulares e que só chegaram ao estádio para entrar em campo menos de uma hora antes do início da partida.

Sim, eles jogaram, pois os 26 testes deram falso positivo, num erro assumido pelo Hospital Albert Einstein, referência para o tratamento da Covid-19 em São Paulo e que revelou ter usado um reagente que apresentava falhas.

Mas o teste falso positivo não é tão problemático como o falso negativo. Na Bulgária, no início de julho, o zagueiro Martin Kavdanski atuou pelo seu clube, o Tsarko Selo, já infectado pelo novo coronavírus, mas com um teste que não apontou a presença do vírus.

Seu time perdeu por 4 a 1 para o Cherno More, mas dias depois, o adversário relatou 16 casos de Covid-19. No Tsarko, foram mais três, totalizando 19 pessoas infectadas. O laboratório que fez os testes nos atletas reconheceu depois que tinha cometido um erro em relação ao exame de Martin Kavdanski.

Especialista

Em entrevista, ainda em maio, o infectologista Estevão Urbano destacava o risco da volta dos torneios nacionais justamente pela diferença de cenários que o Brasil enfrenta nesta pandemia. Alguns estados já passaram pelo pior cenário, outros estão vivendo ele agora, justamente quando a bola começa a rolar no Brasileirão.

“Nos torneios nacionais, o controle tem de ser muito maior (em relação aos regionais), pois as delegações irão usar aeroportos, aviões, hotéis, ônibus e outros locais”, destacou Urbano na época.

Sim, é neste cenário que as três principais divisões do Campeonato Brasileiro começam a ser disputadas no próximo final de semana, com jogadores, comissões técnicas e árbitros sendo expostos a viagens num país com média de mais de mil mortes por dia, com dezenas de milhares de casos e que não consegue controlar a pandemia.

Hoje em Dia