Família denuncia: Paciente morre com suspeita de coronavírus e é enterrado sem medidas de segurança


Uma família enlutada pede explicações acerca do tratamento pós-morte de um homem de 59 anos no Hospital Santa Catarina. O laudo indica morte por suspeita de coronavírus, mas a família recebeu os exames que comprovam que ele não tinha a doença.

Apesar de não contestar a primeira suspeita e os procedimentos de não ter velório ou contato com os parentes antes do sepultamento, antes da chegada dos exames, o genro do paciente Jorge Luiz Gonzaga questiona tanto a demora dos resultados quanto as demais medidas de segurança para o enterro. Por exemplo, os próprios familiares do Jorge tiveram que carregar o caixão sem ter recebido qualquer tipo de vestimenta especial, máscaras de proteção ou luvas.

Enterro com as roupas de segurança realizado em SP

Os coveiros, da mesma forma, usavam apenas máscaras e luvas. No entanto, o procedimento adotado em São Paulo, por exemplo, onde há o maior número de mortes pela Covid-19 no Brasil, são de total segurança para quem maneja os corpos (veja na foto ao lado).

A morte de Jorge ocorreu no domingo, dia 19. O resultado do exame negativo para a Covid-19 chegou na terça, 21.

Segundo os familiares, Jorge estava com vários problemas de saúde desde o ano passado, diabetes, tendo inclusive amputado um pé em decorrência disso, dois AVC’s, e na sexta-feira passada passou muito mal, pois estava acamado e contraiu uma pneumonia.

Jorge tinha 59 anos, diabetes, dois AVC’s e pneumonia

Devido a uma infecção os familiares o levaram para a UAI do Planalto, de onde foi transferido para o Hospital Santa Catarina. Lá ele ficou ficou internado e no domingo morreu. A família foi informada de que ele havia falecido com suspeita de coronavírus, mas tinha a certeza de que não era. Porém, com a demora dos resultados dos exames, e devido à suspeita levantada pelo hospital, não pôde haver velório.

Logo após a morte, a filha dele, Ana Carolina, foi chamada para fazer o reconhecimento. “Ela viu o pai dentro de um saco preto, ele estava de fralda. A revolta que a gente tem é não poder velar e ter que enterrar um ente querido dessa forma. Nós só estamos falando que não pode acontecer é esse documento demorar tanto pra chegar”, disse Jessé.

Segundo o genro, o sogro foi enterrado sob muita tristeza com caixão lacrado e escrito: “Sepultamento direto. Suspeito de Covid-10. Familiares vão acompanhar.”.

A família não pôde velar o corpo e nem vê-lo. No entanto os parentes tiveram que carregar o caixão. “O caixão estava lacrado com 10 parafusos. Mas a gente fala que o procedimento não foi correto. Os coveiros não tinham máscaras. Nós que carregamos o caixão, eu e o filho dele. Então se fosse eu e os parentes todos estaríamos infectados. Porque foi enterrado como coronavírus”, disse.