Nove suspeitos de lavagem de dinheiro e violação de direitos autorais são presos


(Imagem: Polícia Civil/Divulgação)

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), em conjunto com as Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ), deflagrou, nessa terça-feira, 21, a operação “Black Hawk”. A ação cumpriu nove mandados de prisão e 19 mandados de busca e apreensão, no âmbito de investigação acerca de um grupo criminoso envolvido na reprodução ilegal de cursos preparatórios e que controlava a maior plataforma virtual de conteúdos pirateados do Brasil.

O trabalho foi desencadeado nas cidades mineiras de Juiz de Fora e Borda da Mata, além da capital do Rio de Janeiro e municípios de Nova Iguaçu, Niterói, São Gonçalo, Saquarema e Araruama. As apurações são conduzidas pela PCERJ e, entre os delitos imputados aos suspeitos, estão lavagem de dinheiro, furto qualificado, violação de direitos autorais e associação criminosa.

Utilizando modernas técnicas de investigação, os agentes descobriram que o grupo comercializou milhares de materiais preparatórios pirateados, inclusive para concursos de carreiras policiais, fiscais e jurídicas, causando um prejuízo estimado em R$ 65 milhões aos cursos oficiais. Já o esquema criminoso teria gerado faturamento ilícito estimado em R$ 15 milhões.

Um dos clientes identificados na investigação é funcionário do Tribunal de Contas de um estado e utilizou a rede (IP) do próprio órgão para adquirir um curso pirata. Os compradores identificados na investigação estão sujeitos a responder pelo crime de receptação, com pena de até quatro anos, podendo ser desclassificados do certame.

Sobre o esquema

Os cursos preparatórios, cujos valores oscilam entre R$ 500 e R$ 10 mil, eram pirateados e vendidos pelos investigados em site próprio por até 10% do valor do conteúdo original. Um dos alvos da operação em Minas Gerais, que foi preso em Borda da Mata, Sul do estado, tem 71 anos e possui conhecimentos avançados em tecnologia da informação. Ele era o responsável por quebrar a criptografia do streaming de vídeo dos cursos oficiais e transferir os arquivos para um servidor particular, no qual as aulas eram disponibilizadas para os clientes das plataformas virtuais.

Essas plataformas eram gerenciadas pelo principal suspeito de liderar o grupo, de 35 anos, preso no Rio de Janeiro, ex-aluno da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Ambos os investigados atuavam nessa atividade criminosa há quase vinte anos.

A filha do suspeito preso em Borda da Mata, de 35 anos, foi presa em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. Entre os demais suspeitos estão outros quatro homens, incluindo um policial militar, com idades entre 20 e 44 anos, e mais duas mulheres, de 42 e 56 anos, todos presos no estado do Rio de Janeiro.

Ocultação de valores

No decorrer dos levantamentos, os agentes descobriram que, para ocultar a grande movimentação financeira de origem ilícita, o líder utilizava seus parentes como laranjas. No período investigado, foi apurado que a mãe dele, que possui um salão de beleza, teve movimentação bancária de R$ 1,5 milhões e ganho líquido próximo a R$ 500 mil em operações de bolsas de valores.

Outro artifício utilizado para ocultar o capital obtido de forma criminosa era manter os bens adquiridos em nome dos vendedores (dos cursos). Com essa mesma finalidade, os investigadores identificaram também uma empresa fantasma, sediada em um shopping de luxo, na capital paulista.

Na ação de hoje, os policiais fazem o levantamento do patrimônio dos envolvidos no esquema criminoso, a fim de identificar os bens adquiridos com dinheiro de origem ilícita e embasar posterior sequestro judicial dos recursos.

PCMG