Johnatas Cruz: gari no Mundial (Wagner Carmo/CBAt)
O mineiro Johnatas de Oliveira Cruz (Guarulhos-SP) é uma das atrações da Seleção Brasileira convocada para disputar o Campeonato Mundial de Cross Country, no próximo dia 30 de março, em Aarhus, na Dinamarca. Gari de profissão, em São Paulo, Jonathas descobriu as corridas de rua há três anos.
Em sua primeira temporada no cross country, ganhou a medalha de prata na Copa Brasil Caixa, realizada dia 27 de janeiro, no Parque Ecológico do Tietê, em São Paulo, e garantiu a mesma posição no Sul-Americano de Guayaquil, no Equador, no dia 23 de fevereiro. “Foi um sonho competir pela primeira vez fora do Brasil e voltar com uma medalha e classificado para um Mundial, ainda mais na Europa”, comentou. “Às vezes, nem eu mesmo acredito”, disse Johnatas, que foi o quarto melhor brasileiro na última São Silvestre, ao terminar na 13ª colocação.
“Estou treinando muito, sei que devo enfrentar frio e a força dos africanos. Este é o meu primeiro ano de cross e lá o objetivo é fazer o melhor possível e ganhar experiência. Ver os melhores em ação”, disse o atleta, de 28 anos.
Nascido em São Pedro dos Ferros (MG), Jonathas trabalha das 18:30 às 00:40 na coleta de lixo, em Guaianazes, na Zona Leste de São Paulo. “Tenho tempo de fazer academia, de treinar na rua perto da minha casa em Cidade Tiradentes, de fazer pista duas vezes por semana na Ponte Grande, em Guarulhos.”
Orientado por Lafaiete Luiz, da Secretaria de Esportes de Guarulhos, Johnatas tem 29:30, como melhor resultado nos 10 km, obtido em 2018, na Tribuna FM, em Santos. Este ano, na mesma prova, espera correr abaixo dos 29:00. “Sou novo no atletismo, mas estou treinando muito bem.”
Johnatas mudou-se para São Paulo aos 12 anos. A paixão era o futebol e tentou a sorte em peneiras no São Caetano, Santo André e Corinthians. “Passei em todas, mas não tinha condições financeiras de me manter”, contou.
Então resolveu trabalhar para ajudar a família. Lavou carros, calibrou pneus, foi frentista e caixa em posto de gasolina. Em 2012, conseguiu emprego na EcoUrbis, empresa responsável pela coleta de lixo nas Zonas Sul e Leste de São Paulo. Desde 2005, a empresa promove um programa de incentivo aos funcionários que treinam atletismo. E aí o caminho foi natural. De tanto correr atrás do caminhão, resolveu se arriscar nas corridas de rua.
“Estou feliz e meus sonhos estão apenas começando. Posso pensar mais longe? Acho que posso. Só depende do meu esforço”, disse o corredor, que não esconde o desejo de correr uma maratona e tentar índice olímpico para os Jogos de Tóquio 2020. “Tudo aconteceu tão rápido.”
A Seleção Brasileira de Cross
A delegação brasileira para o Mundial de Aarhus está definida. O chefe será Marcos Paulo Garcia de Andrade (RS), que contará com o apoio da médica Helena Vitória de Oliveira de Camargo (SP), do fisioterapeuta Nelson Guarnier Filho (SP) e dos treinadores Alcides dos Santos Gonçalves Neto (SP) e Alex Sandro de Jesus Lopes (SP).
Gilberto Silvestre Lopes (Pé de Vento-RJ) pediu dispensa. Ele está em Paipa, na Colômbia, em treinamento de altitude, visando a Maratona de Hamburgo, no dia 28 de abril. Para o seu lugar foi chamado Glenison Gilbert de Carvalho (UFJF-MG).
Os atletas convocados são:
Adulto – masculino – 10 km
Johnatas de Oliveira Cruz (Guarulhos-SP)
André Ramos de Souza (Barra do Garças-MT)
Nicolas Antonio Gonçalves (Orcampi Unimed-SP)
Glenison Gilbert de Carvalho (UFJF-MG)
Sub-20 – feminino – 6 km
Jeovana Fernanda dos Santos (ABDA-SP)
Leticia Almeida Belo (Orcampi Unimed-SP)
Bianca Vitória dos Santos (FAE Osasco-SP)
Maria Lucineida Moreira (Projeto Campeão-PE)
A equipe brasileira viaja para a Dinamarca na próxima semana com recursos do Programa de Apoio às Seleções Brasileiras da Caixa, a patrocinadora oficial do Atletismo Brasileiro.