IMAGEM: UBERLÂNDIA SAF/FLICKR
Fim de linha para o futebol profissional do Uberlândia Esporte Clube (UEC) neste ano de 2025. Aos atletas, cabe a menor parcela de responsabilidade em um ano que foi de razoável para ruim
O planejamento da temporada começou bem feito, com boas contratações para o Campeonato Mineiro e com vínculos estendidos para o Brasileirão Série D.
Durante o Estadual, faltou dinheiro e a insegurança tomou conta do elenco. O excepcional volante Guilherme Escuro foi o primeiro insubstituível a deixar o clube. Em seguida, o Verdão foi perdendo em série suas principais peças, como os zagueiros Rodrigão e Rayne, o lateral-esquerdo Juan, o atacante Jean Silva, entre outros.
Para a Série D, a remontagem do elenco contou com um orçamento abaixo da crítica e, mesmo assim, novamente faltou dinheiro. O empresário Fábio Mineiro entrou em cena, emprestou recursos para a diretoria honrar salários e, posteriormente, adquiriu a SAF do Verdão.
Bem-sucedido no Athletic, Fábio Mineiro fez o que era possível: contratou atletas disponíveis no mercado, implantou boas premiações, bancou viagens de torcidas organizadas… mas não foi suficiente para o Verde avançar de fase na Série D.
O GRANDE ERRO DA TEMPORADA
O grande erro da temporada foi no comando técnico. O Uberlândia Esporte Clube não conseguiu acertar na contratação de um treinador à altura dos grandes desafios deste ano.

Começou com Paulo Roberto, a quem tenho muito respeito e admiração. Ele ajudou muito na montagem do elenco, mas errou ao não rodar o atletas durante a maratona de jogos e viagens do Campeonato Mineiro. Tinha boas peças no banco, mas insistia no seu time titular.
O experiente treinador chegou a dizer que, com ele, rodízio só de pizza. Essa teimosia fez com que vários atletas se lesionassem. Ele poderia ter administrado melhor a minutagem dos titulares e do elenco como um todo.
Foi substituído por Marcelo Caranhato. Estudioso, com boa teoria, e na prática, até administrava bons treinos, mas tinha dificuldades em vencer jogos. Sua leitura de jogo e tomada de decisões não foram das melhores. Mesmo assim, concluiu o Campeonato Mineiro e comandou o Verdão nos três primeiros jogos da Série D.
Na quarta rodada, chegou Alexandre Lopes. Mesmo ficando fora do banco nas quatro primeiras partidas, foi de longe o melhor. Dos 16 pontos que o UEC conquistou, 10 foram sob seu comando. Sua demissão surpreendeu a todos. Uma das justificativas foi de que o técnico não geria bem o grupo. De fato, ele tem uma personalidade forte. Ao ser desligado, deixou um texto extenso e bem escrito, defendendo-se e apontando problemas recorrentes no futebol do clube.
Todos os jogadores com quem conversei foram unânimes em afirmar que Alexandre Lopes é um excelente treinador de campo, com ótimos treinos, mas linha dura. Dizia o que precisava ser dito, cara a cara. Para mim, é um mérito do técnico, para outros, sinceridade demais machuca.
Faltando cinco rodadas para o fim da primeira fase, chegou Cícero Júnior e com eles, mais contratações no escuro. Inclusive, em sua última coletiva, o técnico afirmou que os reforços foram muitos e que não é simples conseguir entrosar uma equipe em tão curto espaço de tempo.
De fato, o Furacão Verde foi todo remendado neste Brasileiro Série D, a ponto de terminar sua participação na competição com 11 atacantes no elenco. É muita coisa para pouco futebol. Também é fato que, nos últimos cinco jogos, a equipe caiu de produção rodada a rodada. Se houvessem mais partidas, Cícero fatalmente seria substituído. Em cinco jogos sob seu comando, o Verdão obteve apenas 33% de aproveitamento, campanha de time rebaixado, se fosse o caso.
SE FOR PARA TESTAR TÉCNICO, QUE SEJA DA CIDADE
O Uberlândia Esporte Clube não é um time grande, mas é o carro-chefe do desporto da cidade. Clube centenário, com uma torcida gigante e ávida por motivos reais para lotar o Sabiá e ser o 12º jogador na retomada de prestígio no cenário nacional. Se for para testar treinador, como vimos no Mineiro e no Brasileirão, que profissionais da cidade também tenham oportunidade. O mesmo vale para atletas de Uberlândia e de toda a região.
O FUTURO JÁ COMEÇOU
O que começou correto lá em dezembro contratando para o Mineiro, e pensando no Brasileiro, terminou tudo errado. Não me lembro de o Uberlândia Esporte Clube ter sido eliminado na primeira fase de edições da Série D.
A recente eliminação não pode ser apenas página virada. Ela deve servir como exemplo do que não fazer daqui para frente. O planejamento foi completamente falho: contratações em massa com o campeonato em andamento, três treinadores em 14 rodadas, entre outros fatores, fizeram com que o fim de linha para o UEC na Série D fosse, infelizmente, merecido. Um castigo justo.
UBERLÂNDIA SAF
A SAF tentou ajudar e colaborou muito. Agora, efetivamente, o comando está com Fábio Mineiro e seus pares. A antecipação do trabalho em seis meses foi crucial para os novos gestores entenderem o quão complexo é o Uberlândia Esporte.

Há muito o que fazer nos próximos cinco meses que antecedem o Campeonato Mineiro: treinamento de pessoal, melhorias significativas nas áreas física, tecnológica e clínica e, principalmente, acertar em cheio na contratação de um treinador de currículo indiscutível.
O menor dos problemas continua sendo os atletas. O comando é tudo, em todas as áreas.
Por Wander Tomaz