Confiante no retorno de Dedé, Itair fala em ‘roubo’: ‘Pode me punir, mas eu acho que o árbitro roubou, lesou o Cruzeiro’


Itair Machado acredita no trabalho da diretoria do Cruzeiro para liberar o zagueiro Dedé para o jogo de volta contra o Boca Juniors. Fonte: Alexandre Guzanshe/E.M/D.A.Press

A expulsão do zagueiro Dedé na partida entre Cruzeiro e Boca Juniors, na Argentina, pelas quartas de final da Copa Libertadores, ainda vem rendendo polêmicas. Na manhã desta terça-feira, em entrevista ao programa Bate Bola Debate, da ESPN Brasil, o vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Itair Machado, fez duras críticas ao árbitro paraguaio Éber Aquino, que apitou a partida.

“Na minha opinião, pode me punir, eu acho que o árbitro, ele roubou, ele lesou o Cruzeiro. Se você pegar durante o momento do jogo, tem dois contra-ataques do Cruzeiro que ele não deu a vantagem. E algumas faltinhas que ele deu para o Boca na ponta da área ele não deu para o Cruzeiro. A gente teve uma fase muito ruim aqui no Campeonato Mineiro quando eu comecei no futebol. A gente sabe quando o árbitro está mal intencionado. Tanto que, quando ele foi conferir o VAR eu falei para a diretoria nossa ‘ele vai expulsar o Dedé’. Eles falaram ‘cê ta louco?’ Eu falei ‘vai, porque ele ta mal intencionado”, desabafou o dirigente.
A aplicação do cartão vermelho ao zagueiro cruzeirense gerou repercussão em vários países do mundo e fez com que a Confederação Brasileira de Futebol intervisse no caso. O presidente da CBF, Coronel Nunes, enviou um ofício à Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol), solicitando um desfecho do caso em favor do Cruzeiro.
Itair acredita que, com a manifestação da CBF e com o trabalho que vem sendo realizado pela diretoria celeste, o Cruzeiro irá conseguir a anulação da suspensão automática de Dedé. Assim, o zagueiro poderia atuar no jogo de volta das quartas de final da Libertadores, na próxima quarta (04/10), às 21h45, no Mineirão.
“A gente tem expectativa, de hoje para amanhã, de ter um retorno positivo quanto a anular o cartão do Dedé. Porque anularam para os argentinos, tem que anular para o brasileiro. E nós estamos fazendo um trabalho muito forte nos bastirores, coisas que a gente não pode ficar divulgando, mas a expectativa nossa é positiva”, afirmou Itair.

Entre críticas e elogios

O vice-presidente de futebol celeste reclamou, também, da arbitragem do Campeonato Brasileiro.
Curiosamente, Itair Machado elogiou o futuro presidente da CBF, Rogério Caboclo.
“Eu estava comentando aqui antes de entrar no ar que todos nós devemos apoiar a gestão do Rogério Caboclo, que é um presidente novo, um cara moderno. A gente tem que esquecer o que aconteceu pra trás e pensar pra frente. A CBF, essa gestão, está apoiando demais os clubes. Tudo que o Cruzeiro, e eu vejo também os outros clubes, estão precisando, a CBF está fazendo o possível. Nós temos um trabalho sério do Coronel Marinho hoje na arbitragem. O Cruzeiro é o que mais está sendo prejudicado na arbitragem do Brasileiro, porém, a gente acredita e confia na honestidade do Coronel Marinho”, disse.
E apesar das duras palavras dirigidas ao juiz de Cruzeiro e Boca, o dirigente isentou de culpa o presidente da Sul-americana, Alejandro Domínguez.
“Eu acredito que o presidente da Conmebol não está nessa. Principalmente pela conversa que ele teve com a nossa diretoria, com o presidente que esteve lá. O Cruzeiro amanheceu na porta da Conmebol. Isso é importante dizer. Nosso presidente tem setenta e tantos anos. Ele foi guerreiro, ele não dormiu. Acordou dentro do avião e já amanheceu na porta da Conmebol. E o presidente (da Conmebol) se mostrou também indignado com o erro que tinha acontecido. Então, como eu acredito que houve o roubo e que o presidente não está envolvido e nem o Seneme (Wilson Seneme, ex-árbitro brasileiro e presidente da Comissão de Arbitragem da Conmebol)” disse o vice-presidente de futebol.
Ainda sobre a diretoria da CBF, Itair Machado, disse que é preciso que clubes e imprensa ‘esqueçam’ os graves casos de corrupção perpetrados pelos ex-dirigentes da Confederação, para pensar no futuro do futebol brasileiro.
“Eu não estou fazendo média aqui com o presidente da CBF, eu quero é que a coisa vá bem. Vocês estão vendo aí o nível do futebol brasileiro, o tanto de time disputando título do Brasileiro, os clubes que estão chegando na Libertadores com nível grande de ser campeão. Nós temos condições de melhorar isso, nós precisamos de uma CBF atuante. ‘Nós’ que eu falo são os clubes e a imprensa. Nós temos que esquecer o ‘pra trás’ da CBF e apostar pra frente. Eu acredito muito, pelo fato de o Rogério Caboclo ser novo, ser moderno, a gente vê que ele é bem intencionado. Acredito que as coisas no futebol brasileiro vão melhorar e muito. E o Cruzeiro está confiante sim que o Dedé possa jogar. É absurdo? Mas para o argentino não foi. Contra o Cruzeiro eles anularam. Então há a jurisprudência para poder fazer o mesmo e consertar, porque o Cruzeiro seria punido duas vezes. No jogo, que levou o Cruzeiro a tomar o segundo gol e agora no segundo jogo sem um dos seus principais atletas que é o Dedé”.

Caso de Polícia Federal

Além de cobrar um posicionamento mais incisivo do brasileiro Wilson Seneme, presidente da Comissão de Arbitragem da Conmebol, Itair Machado aproveitou a oportunidade para apresentar uma ideia a ser aplicada em eventuais polêmicas de arbitragem. O dirigente sugere intervenção da Polícia Federal brasileira, em cooperação com outras autoridades internacionais.
“Eu acho que vocês da imprensa neste momento – não é o Cruzeiro, é o futebol brasileiro – tem que se cobrar uma atitude também do Seneme. Se ele é brasileiro e é chefe da arbitragem, ele tinha que ter vindo aí e dado um pronunciamento. O que falaram para o Benecy foi que o VAR falou para o árbitro que não foi nada no lance. Que foi choque normal de jogo. Então quem tomou a decisão foi o árbitro. Inclusive, a minha ideia e eu vou leva-la para a CBF e para o chefe nacional da Polícia Federal é que se crie, juntamente com a força policial internacional, que se crie uma força de polícia, para que, quando for tão escandaloso como foi esse jogo, que se possa abrir um inquérito policial e apurar. Porque hoje nós não temos espaço mais para esse tipo de coisa”, disse Itair, confiante.
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