Esperança da torcida para ser o maestro do Atlético, Cazares ainda é incógnita


Cazares no Galo teve altos e baixos: foi responsável por lances magistrais, mas decepcionou em decisões Fonte: Alexandre Guzanshe/E.M/D.A.Press

Talento ele tem de sobra. Mas há momentos em que falta algo mais – uma motivação extra ou mesmo dedicação nos treinos ou jogos. As duas primeiras temporadas no futebol nacional não foram suficientes para que o equatoriano Cazares, de 25 anos, engrenasse de vez com a camisa do Atlético. Apesar de ter sido titular com todos os treinadores que passaram pelo clube no período, o armador viveu altos e baixos e ficou longe da esperada regularidade. Em 2018, o jogador terá mais uma prova de fogo: mas ele será capaz de finalmente se tornar a liderança técnica da equipe, que vive processo de reconstrução?

Principal armador do time alvinegro, Cazares assumirá de vez o status de estrela e terá a responsabilidade de municiar os jogadores de frente. Quando voltar das férias, ele encontrará um ataque muito diferente do que terminou o Campeonato Brasileiro de 2017. Sem dinheiro em caixa, o Galo ficou sem os experientes Robinho, Fred e Rafael Moura e fez esforço para trazer contratações que mantivessem o nível do grupo: foram trazidos Roger Guedes, Erik e Ricardo Oliveira.
Apesar das enormes expectativas da torcida, o equatoriano ficou devendo melhor futebol nos dois primeiros anos de contrato – tem vínculo até o fim de 2020. Depois de cada exibição de qualidade, vinha outra em que praticamente não aparecia. Ele foi o líder em assistências na última temporada (18), mas caiu drasticamente de rendimento quando o Galo teve seu pior momento, culminando nas eliminações precoces na Copa do Brasil e na Copa Libertadores.
O técnico Oswaldo de Oliveira acredita que o equatoriano pode render mais coletivamente com os treinos a partir do ano que vem: “Ele tem muito potencial. Já vi o Cazares jogando como adversário e eu o acompanho no Atlético desde maio, no Brasileiro. Ele tem muito a dar para a equipe. Desde que eu cheguei, atuou numa função diferente. Na parte técnica, tem muito a evoluir, já que tem condições para isso”.
A oscilação com a camisa alvinegra ocorreu com praticamente todos os treinadores que o dirigiram: Diego Aguirre, Marcelo Oliveira, Diogo Giacomini, Roger Machado, Rogério Micale e Oswaldo de Oliveira. Além da irregularidade dentro das quatro linhas, enfrentou problemas de indisciplina. Em 2016, Aguirre chegou a afastá-lo durante a fase de mata-matas da Libertadores, causando especulações sobre seu comportamento extracampo.
Poucos meses depois, se envolveu em nova confusão: depois de servir à Seleção Equatoriana nas Eliminatórias, não se reapresentou e foi multado – ele se explicou, alegando ter tido problemas com o passaporte. Num jogo contra o Santa Cruz, deu um soco num adversário e foi punido por quatro partidas de suspensão no Brasileiro. Recentemente, sofreu nova punição interna da diretoria por ter se atrasado a um treino.

CAMISA 10

Contratado por US$ 1,5 milhão (R$ 5,4 milhões à época) do Independiente del Valle, Cazares conseguiu apenas um título com o Atlético, o do Campeonato Mineiro, seu único como profissional. Com a saída de Dátolo, ele assumiu a camisa 10 no ano passado, numa aposta da diretoria de que seria o ponto de equilíbrio da equipe. Há um mês, numa postagem na rede social, ele simbolicamente ofereceu a 10 ao venezuelano Otero, que se destacou na reta final do Brasileiro.
A fase instável no Galo afastou Cazares da Seleção Equatoriana na reta decisiva das Eliminatórias. Convocado regularmente quando veio para Minas, ele perdeu espaço no grupo, que não conseguiu a classificação para o Mundial da Rússia, no ano que vem.

Ele em campo

2016
42
jogos
10
gols
8
assistências
Ainda em fase de adaptação ao futebol brasileiro, o jogador causou boa impressão em suas primeiras exibições com a camisa alvinegra. Mas, aos poucos, caiu de rendimento e até deixou de ser relacionado no primeiro jogo decisivo contra o São Paulo, pelas quartas de final da Libertadores. Voltou a jogar bem no Brasileiro, mas teve séria lesão muscular e só retornou no fim da temporada. Despediu-se de 2016 com gol antológico contra o Grêmio, na decisão da Copa do Brasil.
2017
61
jogos
9
gols
18
assistências
Apesar de ter sido líder da equipe em assistências, o jogador novamente oscilou na temporada. Em seu momento mais produtivo, ajudou o Galo a obter a melhor campanha na fase de grupos na Libertadores com grandes exibições contra o Libertad, Sport Boys e Godoy Cruz. Mas na fase irregular do time alvinegro, no segundo semestre, o camisa 10 foi um dos mais instáveis, sendo constantemente criticado pela torcida.
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