Seleção Feminina Sub-20: o ano do Mundial


(Imagem: Ian Walton/Divulgação FIFA/Getty Images)

Com a conquista do Sul-Americano no fim de 2015 e vaga assegurada para disputar a Copa do Mundo da Papua-Nova Guiné nos últimos meses de 2016, o ano da Seleção Feminina Sub-20 foi dedicado a treinamentos. A preparação para o Mundial começou cedo e com intensidade. E, ao longo da temporada, as meninas ganharam papel de destaque em seus clubes e cada vez mais contato com a Seleção Principal.

O primeiro encontro do técnico Doriva com as jogadoras aconteceu em fevereiro. Foram convocadas 24 atletas para a primeira etapa de treinamentos realizada na Granja Comary, em Teresópolis. Focadas, as meninas tiveram a chance de provar em campo como vem trabalhando e não decepcionaram. Venceram o jogo-treino contra a equipe feminina do Flamengo e deram continuidade nas atividades com a mesma pegada.

Um dos reforços da Sub-20 nesta fase de treinos foi a “gringa” Stephanie. Nascida no Rio de Janeiro, mas criada na Califórnia (EUA), a jovem mostrava com a bola nos pés que o gingado realmente é brasileiro, mesmo que o sotaque não. Já o destaque pela experiência entre as convocadas foi de Julia Bianchi. Aos 18 anos, a menina de confiança na zaga estava prestes a disputar sua terceira edição de Copa do Mundo. E ainda que uma das caçulas, sempre esteve entre as lideranças do grupo por ser a capitã do treinador Doriva.

Durante o ano, o objetivo de Doriva foi de trabalhar com um grupo diverso, aumentar o leque e testar as opções. Em entrevista ao site da CBF, o comandante da Sub-20 explicou o trabalho de formação das jogadoras. Inclusive, algumas tiveram a oportunidade de trabalhar lado a lado com a Seleção Principal. Gabi Nunes e Geyse foram convocadas para treinar junto de quem as inspira e trataram de aproveitar ao máximo.

Ao fim da primeira etapa de treinos da Seleção Sub-20, as meninas avaliaram o encontro como de grande aprendizagem e disseram estar motivadas para trabalhar forte. As caçulas, em especial, comentaram que a idade é apenas um detalhe quando todas têm o mesmo objetivo de evoluir com a Seleção.

 

A segunda etapa de treinos aconteceu em Pinheiral (RJ). Ao todo, 24 jogadoras foram chamadas para a preparação visando ao Mundial. Nome constante na lista de convocadas foi a lateral Bruna Calderán que tem a seu favor a versatilidade e marcação intensa. O site da CBF entrevistou a jovem lateral que revelou mais sobre seu estilo de jogo e ambições. Outra aparição constante entre as representantes do Brasil foi a atacante Laís. Do Projeto Favela, em Salvador (BA) para o ASA College (EUA) com bolsa integral, a menina chamou atenção pela técnica com jogo forte.

Pensando a longo prazo e com o objetivo de ter um time competitivo em futuras competições, o técnico Doriva optou por chamar jogadoras nascidas em 1998, mais jovens do que as demais, para os treinos na Granja Comary novamente.

Como de costume, a Seleção participou de um jogo-treino, dessa vez contra a equipe Sub-17 da Escolinha de Futebol do Santos. As meninas venceram a partida que teve 9 gols ao todo e tiraram boas experiências do jogo.

No meio do ano, a Seleção Sub-20 participou de uma sequência de treinamentos, todos em Pinheiral (RJ). A quarta etapa aconteceu no fim de maio até início de junho, com 24 atletas. A quinta foi logo depois, do fim de junho ao começo de julho com 24 nomes de novo. Nos primeiros dias de agosto, 24 jogadoras se reuniram mais uma vez para a sexta fase de treinos.

Quadrangular nos Estados Unidos

Como parte da preparação, as jogadoras e comissão técnica foram para os Estados Unidos para participar de um quadrangular com as anfitriãs, mais Coreia do Sul e Inglaterra. A Seleção derrotou as americanas por 2 a 0, empatou com as coreanas em 1 a 1 e perdeu para as inglesas por 1 a 0. Com o resultado, ficou em segundo lugar e a Inglaterra em primeiro.

De volta ao Brasil, as atletas se encontraram no final de setembro, para mais uma fase de treinos. Diante de tanta preparação e dedicação das meninas, o treinador Doriva fez uma avaliação:

– Elas têm treinado muito forte, se empenhado como nunca. Dá gosto de ver os trabalhos físicos dado pelo professor Juninho Brilhante sendo feito por elas. Ele fez uma periodização física e tem seguido à risca. Isso tem mudado muito a condição da nossa equipe – comentou o comandante da Sub-20.

Em outubro, 21 jogadoras foram convocadas para o Mundial. Visando esse importante torneio, as veteranas da Seleção assumiram o papel de receber bem quem estaria disputando pela primeira vez a Copa do Mundo. O entrosamento das meninas que treinaram por muito tempo juntas, desde antes da conquista do Sul-Americano foi fator comentado positivamente entre as jogadoras. Elas ressaltaram o valor da afinidade que construíram no gramado e longe dele.

– Temos evoluído bastante, nos conhecendo melhor. A gente vem com uma amizade tanto dentro de campo como fora de campo, e acho que isso é muito importante – disse a atacante Kelen.

A disputa do Mundial

Chegando na Papua-Nova Guiné, a Seleção foi recebida com festa pelo povo local. Foi necessário um tempo de adaptação ao fuso de 12h em relação a Brasília, e também ao calor.

O Brasil estava formado por meninas de todas as regiões do país. Stefane, goleira, e Kelen, atacante, eram as gêmeas da Seleção. Não uma da outra, mas com histórias de família em comum.

Visando a estreia contra as donas da casa, o técnico Doriva organizou um treino tático. Até o dia do jogo, a Seleção também passou por treinamento de transição ofensiva e inclusive no período da noite, para adaptação ao momento da partida.

Com mais alguns ajustes até a estreia diante da Papua-Nova Guiné, as meninas do Brasil praticaram cobranças em bola parada, movimentação e posicionamento.

No dia da bola rolar de vez, o time brasileiro superou as anfitriãs por 9 a 0, com destaque para a volante Brena, eleita a melhor em campo. Os gols foram marcados por Duda, Gabi Nunes (duas vezes), Brena (duas vezes), Yasmin, Katrine, Geyse.

A Seleção foi fazer o dever de casa e assistir ao jogo entre Coreia do Norte x Suécia, na qual as coreanas venceram por 2 a 0.

No dia do jogo, a Coreia levou a melhor e superou o Brasil por 4 a 2. O técnico Doriva analisou a sequência da Seleção e comentou o espírito de decisão que o jogo contra a Suécia teria.

A Seleção fez treino técnico, buscou passes curtos e transições rápidas até o dia do confronto contra as suecas, que poderia até acabar em empate para garantir a classificação. Em um jogo muito estudado, prevaleceu o equilíbrio e as equipes terminaram em 1 a 1, garantindo a vaga nas quartas ao Brasil.

Oito anos depois, o Brasil chegava às quartas de final do Mundial mais uma vez e o adversário pela frente seria a tradicional escola japonesa. A Seleção seguiu se preparando a todo vapor para enfrentar o Japão, mas a equipe nipônica venceu o confronto por 3 a 1. Na final da Copa do Mundo, Coreia do Norte e Japão se enfrentaram, as duas seleções que superaram o Brasil na competição.

CBF