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Relatório do governo americano aponta favorecimento ao Pix, falhas no combate à pirataria e outras barreiras comerciais envolvendo o Brasil
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira (15) a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil, com foco em uma série de práticas consideradas desleais, incluindo a promoção do sistema de pagamentos eletrônicos Pix. A iniciativa partiu do Escritório do Representante do Comércio dos EUA (USTR), que afirma haver desequilíbrios competitivos em diversos setores da economia brasileira.
Segundo o relatório divulgado, o Brasil estaria beneficiando, de forma indevida, serviços de pagamento desenvolvidos pelo governo, como o Pix, prejudicando a concorrência de empresas estrangeiras que atuam no mesmo mercado. A medida levanta preocupação sobre a imparcialidade do ambiente digital brasileiro.
“O Brasil também parece se envolver em uma série de práticas desleais com relação a serviços de pagamento eletrônico, incluindo, entre outras, a promoção de seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”, aponta o relatório do USTR.
Além do sistema de pagamentos, os EUA criticam a atuação do Brasil no combate à pirataria e à venda de produtos falsificados. A tradicional rua 25 de Março, em São Paulo, foi citada como exemplo negativo, sendo apontada como um dos principais polos de comércio de itens piratas, como videogames modificados e aparelhos de streaming ilegais. Segundo os norte-americanos, o país não tem imposto penalidades adequadas nem exercido fiscalização eficiente.
A investigação se estende também a outras áreas como comércio eletrônico, barreiras tarifárias, políticas ambientais e acordos comerciais. Questões como a concessão de tarifas preferenciais, a falta de medidas anticorrupção, a limitação ao mercado de etanol e a ineficiência no combate ao desmatamento ilegal foram incluídas no processo de análise.
Jamieson Greer, representante do comércio dos EUA, afirmou que a decisão de abrir a investigação foi motivada por “preocupações legítimas sobre a equidade comercial e o impacto direto das práticas brasileiras nos trabalhadores e empresas americanas”.
A resposta do governo brasileiro ainda não foi divulgada até a publicação desta matéria. Caso as acusações avancem, o processo pode gerar tensões diplomáticas e afetar acordos comerciais entre os dois países.