Lava Jato: Nova fase investiga corrupção no comércio de bunker da Petrobras


A Polícia Federal deflagrou nesta manhã (07.out) a Operação Sem Limites III – 76ª fase da Operação Lava Jato. Policiais federais estão cumprindo 3 mandados de busca e apreensão, na cidade do Rio de Janeiro/RJ.

As medidas objetivam aprofundar as apurações relacionadas ao envolvimento de funcionários e ex-funcionários da Petrobras em esquemas de corrupção na área comercial da estatal, especialmente no comércio de bunker, como é denominado o produto escuro usado como combustível de navio.

Segundo o Ministério Público Federal, um dos ex-funcionários da Petrobras requerido nas medidas cumpridas hoje foi responsável pelas negociações de combustíveis marítimos para os navios da estatal, próprios e afretados, que abasteciam no porto de Singapura. Tendo em vista a série de irregularidades cometidas, entre as quais, relacionamento impróprio com fornecedores e conflito de interesses, chegou a ser suspenso de suas atividades por 29 dias.

Mensagens de SMS, e-mails, planilhas e uma série de invoices de uma das companhias envolvidas  demonstram a existência de um sistemático esquema de pagamento de vantagens indevidas e de conversão desses valores em bens de aparência lícita, que perdurou pelo menos de 2009 a 2018. O volume das operações comerciais é de difícil estimativa, tendo sido descoberto, contudo, que só em propina, uma das empresas envolvidas desembolsou US$ 8.171.739,41, por meio de doleiros, valor que supera R$ 45 milhões no câmbio atual.

Também estão entre as provas, a contatação de qu um dos investigados recebeu indevidamente de um executivo de um das companhias realizadoras de negócios de combustíveis marítimos realizados com a Petrobras ao menos ? 12.249,44 na forma de passagens aéreas e o pagamento de parcelas referentes a um contrato de membership (filiação) de um “clube de férias”, que permitiu ao ex-funcionário se hospedar em hotéis de altíssimo luxo ao redor do mundo.

SBT News recebeu no final da manhã a posição da Petrobras sobre a investigação. Em nota, a petroleira se diz vítima dos crimes desvendados pela Operação Lava-Jato, sendo reconhecida como tal pelo Ministério Público Federal e pelo Supremo Tribunal Federal. A estatal informou que colabora com as investigações desde 2014, e atua como coautora do Ministério Público e da União em 21 ações de improbidade administrativa em andamento, além de ser assistente de acusação em 71 ações penais relacionadas a atoso ilícitos investigados pela Lava-Jato. A Petrobras já recebeu mais de R$ 4,6 bilhões de ressarcimento, incluindo repatriação da Suíça.

A Petrobras informou também que os envolvidos na 76ª Fase não fazem mais parte do quadro de funcionários da companhia. As acusações de corrupção referem-se ao período de 2009 a 2013. Os envolvidos continuaram a praticar atos de lavagem de dinheiro até 2018, já fora da Petrobras.

Confira as imagens da operação:

SBT