The Last of Us: Episódio cinco mostra que não existem heróis


Neste universo, todos acabam mostrando aquilo que há de pior na humanidade

Disponibilizado excepcionalmente na última sexta (10), para não competir com o Super Bowl LVII, o novo episódio de The Last of Us é um dos melhores da série até então. Com a adaptação de várias cenas dos jogos e um aprofundamento em personagens como Henry e Sam, o episódio “Resistir e Sobreviver” mostra o quão cruel o universo da série pode ser, obrigando pessoas a revelar o que tem pior.

Mas antes de entrarmos a fundo na continuação, vale pontuar que o novo episódio trata de temas sensíveis que podem não ser adequados para todos os públicos, com a presença de um suicídio. Então, caso este seja um tema que te desperta gatilhos, não leia este artigo.

Quem são Henry e Sam?

O episódio cinco começa com cenas anteriores à chegada de Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey) em Kansas City, mostrando eventos que aconteceram nos dias seguintes a revolução do grupo de Kathleen (Melanie Lynskey). Com o fim da FEDRA, o grupo passou a executar pessoas que colaboraram com o regime ditatorial para receber algo em troca.

E é aí que passamos a acompanhar os irmãos Henry (Lamar Johnson) e Sam (Kaivonn Woodard), onde o mais velho é o responsável pela morte do irmão de Kathleen, que foi líder do grupo revolucionário da cidade. Os dois vivem se escondendo das patrulhas que correm por Kansas City, enquanto buscam fugir para alcançar a sua segurança.

Nesse ponto, uma adição que a adaptação da HBO faz é que Sam, uma criança de 8 anos de idade, é surdo. Assim, as interações entre os irmãos é feita por ASL, a língua de sinais dos Estados Unidos, e os olhares entregados pelos atores, que os interpretam brilhantemente.

Imagem promocional de Henry e Sam em The Last of Us, da HBO
(Divulgação / HBO)

A fuga

Avançando no episódio, descobrimos que Henry e Sam estavam presentes no momento em que Joel e Ellie foram atacados em sua chegada à cidade. Chegamos assim ao final do episódio quatro, com os dois irmãos rendendo Ellie e Joel no seu sono.

O plano de Henry é se unir com a dupla, que tem habilidade em combate, para que os quatro consigam fugir através dos túneis inferiores da cidade. Segundo o irmão mais velho, a FEDRA colocava os infectados no subterrâneo de Kansas City, mas houve uma ação militar que executou a população contaminada e deixou o caminho livre.

A crença dele é confirmada e vemos que eles seguem seguros por todo o caminho, tendo até mesmo um momento de descontração e descanso em um refúgio. É nesse momento que Henry revela a Joel que ele entregou o líder do movimento revolucionário de Kansas City (e irmão de Kathleen) para a FEDRA, em troca de medicamentos para tratar a leucemia de Sam.

Imagem de Joel e Ellie nos túneis em The Last of Us, da HBO
(Divulgação / HBO)

Quem é bom e quem é mal?

Isso mostra que os conceitos de certo e errado se misturam no universo de The Last of Us, sem dividir as pessoas como heróis e vilões. A opressão da FEDRA e os eventos nos 20 anos desde o início do Surto fizeram com que a moral se tornasse totalmente diferente nesse mundo.

Henry fez o necessário para o seu irmão sobreviver, mas entregou uma pessoa para morrer em troca disso. Nas condições deste universo, ele pode ser considerado uma pessoa ruim por isso? Qual seria a decisão certa nessa situação?

O caos

O grupo consegue sair em segurança, alcançando o seu objetivo, mas são surpreendidos por um atirador que fazia parte do grupo de Kathleen, o que estraga os planos de fuga. Joel consegue eliminar a ameaça, mas descobre que o vigia avisou da fuga através do rádio.

A partir daí temos o fim da “calma” que o episódio trazia até então: logo a noite é tomada por veículos militares e pessoas fortemente armadas na caça pelos nossos protagonistas. Joel consegue um bom tiro para evitar que Ellie, Henry e Sam sejam atropelados, mas mesmo assim eles acabam rendidos por Kathleen.

Henry tenta se entregar e salvar as crianças, mas a líder revolucionária diz que não pouparia nenhum deles. Porém, a conversa é interrompida por uma horda de infectados, que estavam adormecidos no subterrâneo daquela região.

Então temos o momento com mais ação da série até então, onde tanto os nossos sobreviventes quanto os do grupo rebelde começam uma verdadeira batalha contra dezenas e talvez centenas de Estaladores. Assim como no dia do Surto, vemos a humanidade sendo derrotada, principalmente pela quantidade de infectados e a chegada de um Bloater (Baiacu), uma nova evolução do Cordyceps no corpo humano.

Imagem promocional do Baiacu em The Last of Us, da HBO
(Divulgação / HBO)

Resistir e Sobreviver

Após sobreviverem ao ataque, os personagens vão até um hotel abandonado na beira da estrada para passar a primeira noite em paz. Porém, nem tudo é felicidade para o grupo, já que logo ficamos sabendo que Sam, uma criança de apenas 8 anos, foi mordida por um dos estaladores.

Ellie é a única para quem o jovem mostra seu ferimento e ela tenta um gesto simbólico para passar a sua imunidade ao amigo recém conquistado. Infelizmente para Sam (e para todos nós), a ação não causa o efeito desejado e então temos uma das cenas mais pesadas e difíceis de engolir da série.

Pela manhã, Ellie é atacada pelo já transformado Sam e Henry, em um momento de desespero, atira em seu próprio irmão para salvar a jovem. A ação destrói a mente do personagem, que acaba de matar a sua razão de viver e de suas ações, e mesmo com Joel tentando ajudá-lo a lidar com o choque, Henry sucumbe à sua dor e tira a própria vida.

Apesar de ser exatamente como no game, a cena é chocante para todos os espectadores e é seguida com Joel e Ellie dando um enterro digno para os dois personagens. Já nesta cena vemos que a personagem de Bella Ramsey sentiu profundamente a perda dos dois, agindo de forma seca e parecida com a forma que Joel age após a morte de Tess no segundo episódio.

Imagem promocional de Sam e Ellie em The Last of Us, da HBO
(Divulgação / HBO)

No fim, o episódio cinco representa perfeitamente as palavras do seu título: Resistir e Sobreviver. Joel e Ellie terão que seguir estas duas palavras para continuar em sua jornada após presenciar as cenas deste episódio, que vão seguir vivas dentro de cada um.

A diferença da Ellie dos momentos de diversão com Sam e após a sua morte são notáveis, com Bella Ramsey entregando a dor e a raiva da personagem com o ocorrido. Enquanto isso, o Joel de Pedro Pascal passou a demonstrar mais lampejos de humanidade neste episódio, se preocupando mais com a segurança de Ellie e em seus diálogos com Henry, mostrando que o personagem não é mais o mesmo de quando saiu da Zona de Quarentena de Boston.

Definitivamente, o quinto episódio é um dos melhores da série até então e ficará em nosso imaginário mesmo após o fim da primeira temporada.